Semana passada a XP Investimentos anunciou o compromisso de que 50% da sua força de trabalho seja de mulheres até 2025. Bastou isso para que discursos inflamados surgissem pelas redes sociais dizendo que "os melhores devem ser selecionados", "que é um absurdo definir quotas", etc.
A pergunta que fica é: Será que o sistema existente é tão justo assim?
Infelizmente, a resposta mais provável é que não. Tudo isso por causa de uma palavrinha chamada viés (os americanos chamam de bias). Nosso cérebro, como um grande consumidor de energia, tem seus mecanismos para preservá-la. O maior deles é tentar automatizar o que ele puder. Daí surgem nossas preferência inconscientes. Como o processo é inconsciente, não adianta sair apontando dedos. É preciso criar mecanismos que façam o nosso cérebro voltar à ativa e não tomar decisões inconscientes. Se você trabalha em um ambiente onde a maioria esmagadora é formada por homens, há uma grande chance de que os selecionadores tenham um viés em escolher homens. Financistas, não se sintam mal por isso. Acontece em todos os lugares. Minha carreira é desenvolvida da área de tecnologia. Acha que era muito diferente? Posso te dizer as vezes que tive gerentes em processos seletivos com uma mulhere e um homem finalistas e a seleção foi pelo homem, em um time formado só por homens. Ao perguntar ao decisor se havia grande diferença entre os candidatos, adivinhe qual era a resposta? ... Não
Iniciativas como a da XP servem para que os selecionadores ganhem um estímulo extra para romper com os vieses. Eu também sou favorável a que o melhor candidato leve a vaga, mas deve-se ter certeza de que os vieses foram colocados de lado ou pelo menos minimizados. Há outros vieses que aparecem nas entrevistas, como os de afinidade, onde o racismo e a discriminação de idade aparecem. Os de beleza e assim por diante. O ideal é ter objetivos de representação mais completos, mas este é um primeiro passo fundamental, ainda mais em um segmento dominado pelos homens, em um país onde poucas empresas assumem compromissos para mudar realidades.
Mauricio Ruiz
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